Especial: Radiohead no Brasil [#2]

Com 20 anos de carreira, Radiohead, finalmente, se apresenta no Brasil
[Por Daniel Levi para o site O Globo Online]

A banda inglesa Radiohead, formada em 1988 na Universidade de Oxford, finalmente chega ao Brasil para apresentações muito mais do que aguardadas. O quinteto, que acaba de completar mais de 20 anos de carreira, angariou uma forte base de fãs no país (e no mundo). O mito da vinda do grupo ao Brasil - há seguidos anos que o Radiohead é anunciado como atração por aqui, para logo após o fato ser desmentido - termina nesta sexta-feira (20.03), quando a banda faz seu primeiro show em terras brasileiras. Dois dias depois, eles se apresentam em São Paulo, encerrando a turnê no país.

No início, Thom Yorke (voz e guitarras), Ed O'Brien (guitarra e vocais), Jonny Greenwood (guitarras), seu irmão Colin (baixo) e Phil Selway (bateria) eram constantemente comparados a grupos como U2 e REM. O primeiro disco - já por uma grande gravadora, no caso, a EMI/Capitol -, "Pablo honey" (1993), colocou nas paradas de sucesso o single " Creep ", responsável por apresentar a banda para milhares de pessoas ao redor do mundo através de um videoclipe de alta rotação na MTV.

No álbum seguinte, "The bends" (1995), ainda podia se notar um pouco da influência dos anos 80, sobretudo das bandas já citadas, além de Joy Division, Pixies e Sonic Youth. Com o grunge explodido mundo afora, algumas guitarras distorcidas se destacaram em faixas como "My iron lung", "Sulk" e "Just", cujo clipe também fez muito sucesso. Mas os pontos de maior destaque do álbum foram o lirismo e a melancolia de faixas como " Fake plastic trees ", " Street spirit " e "High and dry", que fazem de "The bends" uma obra infinitamente superior ao disco de estreia.

Entretanto, foi em "Ok computer" (1997) que a banda deu "o pulo do gato". Considerado por muitos como o melhor disco dos anos 90, o álbum revolucionou a estrutura interna da banda - apelidada de "Punk Floyd" - e chacoalhou a produção musical vigente, através de canções com um pé no rock progressivo, como "Paranoid android", "Exit music (For a film)", " Karma police " e " No surprises ". A banda, no entanto, negou as influências progressivas, dizendo-se mais influenciada pela sonoridade de Massive Attack, Nine Inch Nails e, principalmente, DJ Shadow, além de Beatles e Miles Davis.

Após o estouro de "Ok computer", a banda ficou mais de dois anos sem gravar. Foi com muita expectativa que público e crítica receberam "Kid A" (2000). Pela primeira vez depois do sucesso, alguns narizes torcidos surgiram em relação a um trabalho do grupo. Considerado difícil e pouco inspirado por alguns fãs e críticos, "Kid A" segue, até os dias de hoje, incompreendido, talvez devido a seu "minimalismo eletrônico" e suas influências jazzísticas e de Krautrock dos anos 70, cujo maior expoente, o grupo alemão Kraftwerk, abrirá os shows da banda por aqui. Canções maravilhosas como "Everything in its right place", "How to disappear completely", "Idioteque" e "Morning bell" deveriam constar de qualquer antologia sobre a banda.

Poucos meses depois, em 2001, eles lançaram "Amnesiac", que poderia muito bem se chamar "Kid B". Considerado um "lado B" do "Kid A", o álbum tampouco foi bem recebido pelos mesmos detratores do trabalho anterior. Ainda assim, ambos os discos estrearam nas primeiras posições das paradas nos Estados Unidos e Reino Unido. "Amnesiac" ofereceu ao ouvinte canções fundamentais para que se entendesse a obra do grupo, como " Pyramid song ", "You and whose army?", " I might be wrong " e "Like spinning plates".

No mesmo ano, o Radiohead lançou o EP ao vivo "I might be wrong - Live recordings", com canções do "Kid A" e "Amnesiac", além da inédita "True love waits", uma das mais tristes e bonitas canções compostas por Yorke.

O disco seguinte, "Hail to the thief" (2003), veio confirmar o que muitos já sabiam: talvez com exceção do U2, o Radiohead era (é) a melhor banda de pop/rock do planeta. O grupo conseguiu unir a melancolia, escuridão e minimalismo dos últimos trabalhos com a urgência e guitarras dos primeiros, se transformando "Hail to the thief" no primeiro sucesso de crítica e público desde "Ok computer". Canções como "2+2=5", "Sit down stand up", "Sail to the moon", "Where I end and you begin", "We suck young blood", " There there " e "I will" já valem o disco, o maior da carreira da banda, com 14 músicas.

Até que, em 2007, o Radiohead rompeu com a gravadora e lançou seu último disco, "In rainbows", protagonizando uma revolução na indústria musical, sendo o álbum inicialmente disponibilizado para "download" pelo preço que o ouvinte/fã se dispusesse a pagar. Enxuto em suas dez faixas, o álbum é, literalmente, um "grower", pois melhora a cada nova audição. Canções como "Bodysnatchers", " Nude ", "All I need", "Jigsaw falling into place" e "Videotape" confirmam que a banda segue no topo. Quem for ao show, no Rio ou em São Paulo, terá uma oportunidade única de conferir uma das mais importantes bandas da atualidade no auge da carreira.

Agenda:

Just a fest @ Praça da Apoteose. Com Radiohead (22h30m), Kraftwerk (20h45m), Los Hermanos (19h) e DJ Maurício Valladares (18h). Rua Marquês de Sapucaí s/n, Praça Onze. R$ 200. Abertura dos portões: 16h

Just a fest @ Chácara do Jockey. Com Radiohead (22h), Kraftwerk (20h15m), Los Hermanos (18h30m) e DJ Maurício Valladares (17h30m). Rua Francisco Morato 5100, bairro Ferreira. R$ 200. Abertura dos portões: 14h


Links: radiohead.commyspaceokradiohead

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