(cLAP!) - 13'13

Quando recebo o CD de uma banda formada por garotos com idade entre 18 e 20 anos, me preparo sempre para o pior. Enfio chumaços de algodão nos ouvidos e fico com o dedo indicador teso, apontado em direção à tecla “stop” do aparelho de som, louco para apertá-la com toda a força. Este aparato serve apenas para prevenir que o primeiro acorde das guitarras, muito provavelmente alto, distorcido e desafinado, estoure minhas caixas de som e, conseqüentemente, meus tímpanos.
Quando a banda toca direitinho e resiste ao teste de volume e afinação, em 99% dos casos peca pela falta de originalidade. Para este último caso, mantenho 3 grandes pilhas na minha estante de CDs: uma para as bandas que copiam o Charlie Brown JR, outra para as que imitam a Legião Urbana, e uma terceira para os clones dos Los Hermanos. Dificilmente uma banda formada por garotos muito jovens consegue me surpreender, mas a (cLAP!) é um caso a parte.
Lá estava eu, pronto para interromper a execução da música assim que soasse o primeiro acorde barulhento e desafinado, quando ouvi a introdução harmônica de “O Acaso”. Deixei meu corpo cair sobre a cadeira que estava atrás de mim, retirei os chumaços de algodão dos ouvidos e recolhi meu dedo indicador, que, fazia tempo, estava enrijecido pelo (mau) uso. Se alguém me pedisse para descrever o som da (cLAP!) em uma única palavra, eu diria: deslumbrante.
“13’31”, EP de estréia da banda, é de uma simplicidade inacreditável. O trio formado por Thiago, Gabriel e César não utiliza qualquer instrumento elétrico, apenas piano, flauta, bateria e violão, provando que quando a música é boa não precisa de efeitos, distorções e outras tecnologias que, muitas vezes, constituem verdadeiras armadilhas. As 5 faixas de “13’31” são curtas e diretas, não havendo nelas um só arranjo que soe perdido ou casual. O recado é rápido, é verdade, mas profundo e marcante.
A beleza das harmonias e melodias vocais impressiona, assim como as letras, bastante maduras para garotos tão jovens. Os arranjos valorizam ao máximo cada detalhe das canções, encobrindo bem a pouca quantidade de instrumentos e a falta de eletricidade destes. Desafio você, sensível leitor, a não se emocionar com as faixas “De Um Adeus”, “Tanto Faz” e “O Acaso”. A rapaziada compõe, toca e arranja muito bem. É, sem dúvida, uma banda completa.
(por Leandro Becker - 20/04/2006)

01. O Acaso
02. Tanto Faz
03. Pequena Flor
04. De Um Adeus
05. Ubiratan

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