Radiohead em São Paulo [Setlist/Fotos]

Radiohead para fãs – espera recompensada
[Por Amauri Stamboroski Jr. para o portal G1]

Se você está lendo esta resenha, é o tipo de pessoa que, de algum modo, vai saber responder à pergunta: “onde você estava quando o Radiohead tocou no Brasil?”. As respostas podem ser inúmeras: “Viajei de Recife para ver os dois shows”, “só fui no Rio”, “vi pela TV”, “fiquei do lado de fora negociando com cambistas”, “eu trabalhei”, “fiquei com raiva do preço (ou do tamanho do público, ou da distância do local do show) e resolvi passar o domingo em casa”.

Provavelmente deve ter alguma história sobre como conheceu a banda: comprou o CD importado do álbum “The bends” ou a edição nacional de “Ok computer” após ler alguma resenha, baixou por curiosidade o primeiro pirata de “Kid a”, ou fez download gratuito (e legal) de “In rainbows”. E deve ter aguardado ansiosamente, desde então, o dia em que a banda tocaria ao vivo no Brasil.

Mas como diria o quinteto inglês em uma de suas próprias canções, “true love waits” (“o amor verdadeiro espera”). E o Radiohead se esforçou em cada momento de seu show para fazer a espera valer. Começando pelo repertório: no primeiro bis, o set list inicialmente incluía “Wolf at the door”, mas a música foi trocada para “Fake Plastic trees”, um dos maiores hits do grupo no país.

Foi uma apresentação para fãs fiéis, daqueles que conhecem todas as músicas de “In rainbows” (o álbum de 2007 foi tocado na íntegra) ou a letra do lado b “Talk show host”, da trilha sonora do filme “Romeo + Juliet”. Em retorno, a banda sorria, pulava, dançava, olhava feliz e perplexa (como deve fazer noite após noite) para a plateia.

O Radiohead não é uma banda comum, e eles demonstram isso até na hora de fazer o público participar do show. Além das tradicionais palminhas e mãos para cima, a banda grava a própria plateia cantando e depois toca a gravação de volta, gerando momentos emocionantes como em “Karma police” e especialmente “Paranoid android”, quando a música virou um dueto entre o público e o vocalista Thom Yorke.



Arriscando uns “obrigado” e “boa noitchi”, Yorke foi o mestre de cerimônias tímido que o som do Radiohead promete e precisa. Sorri, canta de olhos fechados, faz gestos para o público, dança desajeitadamente, fala pouco. Em um dos momentos mais estranhos e intensos do show, para em frente da câmera (uma das inúmeras espalhadas pelo palco, mistos de webcam com vídeo de segurança) instalada no piano, olhando fixamente enquanto canta “You and whose army” – vai se aproximando, e a lente parece que vai perfurar seu olho.

Desde “Kid a”, o Radiohead vem ensinando como se fazer rock sem usar guitarras – isso faz com que Ed O’Brian e Jonny Greenwood transformem-se em muilti-instrumentistas, tocando percussão, teclados, samplers e o que mais vier pela frente. Por outro lado, exploram o potencial das próprias guitarras – assim como Jimmy Page do Led Zeppelin, Greenwood chega a usar um arco de violino para tocar “Pyramid song”.

Além do telão mostrando as imagens das câmeras fixas apontadas para a banda, o palco também é adornado por uma série de colunas luminosas, que vão mudando de cor a cada nova música.

Mas o principal personagem do show foi o próprio público, reagindo entusiasmado o tempo todo a um som nem sempre convidativo ou “fácil”, pulando, acendendo isqueiros, pedindo músicas, dizendo que “o mundo pode acabar agora”, chorando, ficando no mais absoluto silêncio. Foi para aquelas duas horas e vinte minutos de show que cada uma das trinta mil pessoas esperaram por muito tempo (uns doze anos, outros nove, outros dois). E o pacto informal entre banda e plateia foi cumprido à risca: todos ali fizeram valer a pena, até o fim.

Radiohead
Chácara do Jóquei, São Paulo, Brasil
22, Março, 2009

Set List:

1. “15 Step”
2. “There There”
3. “The National Anthem”
4. “All I Need”
5. “Pyramid Song”
6. “Karma Police”
7. “Nude”
8. “Weird Fishes/Arpeggi”
9. “The Gloaming”
10. “Talk Show Host”
11. “Optimistic”
12. “Faust Arp”
13. “Jigsaw Falling Into Place”
14. "Idioteque"
15. “Climbing Up The Walls”
16. “Exit Music (For A Film)”
17. “Bodysnatchers”

Bis 1:

18. “Videotape”
19. “Paranoid Android”
20. “Fake Plastic Trees”
21. “Lucky”
22. “Reckoner”

Bis 2:

23. “House Of Cards”
24. “You And Whose Army?”
25. “True Love Waits”/“Everything Is In The Right Place”

Bis 3:

26. “Creep”


Veja mais fotos do segundo show do Radiohead no Brasil:

Fotos: Daigo Oliva

Links: radiohead.commyspaceokradiohead

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2 comentários:

Beto disse...

Esse foi o show da vida. Vai ser difícil (pra não dizer impossível) ir a outro show desse calibre. Pra entrar pra história, arrepio até hoje de escutar as músicas de novo. Com certeza o Radiohead já é um marco na história da música, vai para o lado dos caras de Liverpool como uma das bandas a ser incluídas no álbum das que correm gerações.

Anônimo disse...

Cara,

você sabe se já estão disponibilizados todas as canções em mp3. Encontrei metade.

Abraço e parabéns pelo seu blog, o qual sou leitor assíduo.