Entrevista: Peter Bjorn and John (Revista Trip)

Não se engane com o nome da banda. Falta uma vírgula, mas eles são um trio. Peter Bjorn and John assoviaram na Suécia e o mundo todo escutou e repetiu. O hit ‘Young folks’ virou trilha sonora do seriado “Gossip Girl”, do game Fifa 2008 e ganhou até mesmo o rapper Kanye West. No sábado 20 de setembro, eles fecham a noite do No Ar Coquetel Molotov, em Recife, na quarta edição do “Invasão Sueca”. Em São Paulo, se apresentam no dia 23 e 24 no Studio SP. Antes de desembarcar por aqui e tocar pela primeira vez algumas das músicas que serão lançadas no início de 2009, Peter Morén bateu um papo com a Trip. (Por Kátia Lessa)

Vocês não estão de saco cheio de cantar “young folks”?
As vezes eu perco a vontade sim, mas o público fica tão enlouquecido que não há como ignorar essa energia. Eu começo a gostar da música novamente.

Vocês estão preparando dois álbuns para o começo do ano que vem. Qual a diferença entre eles?
Um deles vai ser instrumental. É um trabalho especial, com instrumentos que gostamos muito como o sax e violino. Um disco com uma pegada mais funk, batidas africanas. O outro será nosso álbum mais pop, com sintetizadores e um mix de músicas. Sons para pistas e também canções mais melancólicas e reflexivas.

Você tem um trabalho solo na linha do folk rock. O gosto musical da banda é muito diferente ou você apenas queria ficar um pouco sozinho?
Acho que a principal razão pela qual escolhi isso é que temos sido uma banda por quase dez anos e eu e Bjorn ainda tivemos uma banda antes. Era tempo de tentar algo de outro jeito, já que eu escrevo canções toda hora. Então decidi levar algumas em uma direção mais acústica e limpa e realmente gostei de fazer isso.

Que tipo de som você escuta mais do que eles?
Acho que sou do tipo old music. Gosto de rock clássico, folk e não sou chegado a dance music. Também adoro as batidas africanas mais antigas.

Você é um comprador de discos ou apenas baixa mp3?
Faço de tudo, mas adoro vinil. Não sou um daqueles nerds que colecionam centenas deles, mas os álbuns mais especiais eu gosto de ter na estante.

Quais são seus 3 discos mais especiais?
É impossível responder, mas três grandes clássicos são “Bert Jansch” de Bert Jansch, “Just As I Am” de Bill Withers e “Songs of Leonard Cohen” de Leonard Cohen.

Qual foi o melhor show que você viu durante os festivais de verão?
Só estive em um festival em Estocolmo e o Vampire Weekend era a melhor banda por lá. Mas o melhor show do qual já participei foi um tributo ao “The Last Waltz” do The Band que eu e alguns amigos organizamos em um local ao ar livre. Foi meio solto e improvisado e dava uma sensação quase que espiritual. Tocamos músicas da The Band, Van Morrison, Neil Young e Bob Dylan. Me senti o próprio cantor de soul music mergulhando em “I Shall be Released” e “It Makes No Difference”.

Você disse que gosta de músicas mais antigas, anos 60, 70 e batidas africanas. Nessa linha, quem são OS caras que não podem faltar no seu iPod, ou na sua vitrola?
Juro que não estou puxando o saco dos leitores do Brasil, mas tem que ser Caetano Veloso e Jorge Ben. Talvez não estejam exatamente nessa linha, mas…

Você gosta de cinema? Qual é seu filme inesquecível?
Eu estudava cinema na universidade, então eu gosto MUITO de filmes. Tem um documentário sueco “Cinema verité” - trilogia de Stefan Jarl que é ótimo. Acompanha uma turma de adolescentes/mods de Estocolmo desde o fim dos anos 60 ao começo dos 90. São crianças da classe trabalhadora que têm sua infância perturbada por pais alcoólatras e abusivos. Eventualmente, muitos deles acabam drogados e muitos morrem ao longo da trajetória. O terceiro filme mostra como os outros escolheram trajetórias mais normais que seus pais, uma forma diferente de rebelião. A trilogia é repleta de personagens incríveis que não tiveram uma chance na vida, estavam condenados desde o início. O primeiro filme chama “They call us misfis”, o segundo “A Decent Life” e o terceiro “Misfits & Yuppies”. Também adoro clássicos de Hollywood como “All About Eve” e o sentimental britânico “Brief Encounter”. Um filme mais recente que gostei foi o alemão “The Life of Others”.

Qual o livro mais legal que você leu recentemente?
No momento estou lendo “Soulsville U.S.A” do Rob Bowman. É uma história sobre a clássica gravadora de soul Stax em Memphis. Muito interessante e divertido. É estranho que Isaac Hayes tenha morrido no mesmo tempo em que eu lia sobre ele.

Quais instrumentos você toca? Você gosta de música clássica?
Meus principais instrumentos são guitarra, baixo e gaita. Toco um pouquinho de teclado, violino e o cítara indiana, que usamos em uma versão de “Young Folks” chamada “Sitar Folks”. Gosto de algumas coisas clássicas como Debussy, Satie, Schönberg, Edgar Varese e até alguns hits do Mozart, mas ando muito ocupado ouvindo pop, rock, folk e jazz nos últimos tempos.

Tem alguma banda que você não suporta?
Os suecos do I’m from Barcelona. Gosto de bandas engraçadas, mas eles são engraçados de um jeito ruim, irritante. Tenho certeza que são boas pessoas e talvez o novo disco seja engraçado de um jeito bom, quem sabe…

Como funciona seu processo de composição?
Preciso de paz e silêncio pra compor. Então em casa, na casa dos meus pais ou no interior. Mas eu tenho idéias na rua, e carrego um bloquinho comigo sempre, principalmente para letras de música, mas sempre as termino em casa.

Quais bandas suecas deveriam estar no meu iPod?
Algumas das minhas favoritas são First Floor Power, Bear Quartet, Bob Hund e Eggstone. Um álbum recente que é ótimo e “Jag fick feeling” de Anna Järvinens.

Quais os lugares bacanas para curtir boa música em Estocolmo?
Para folk e coisas mais calmas, o lindo teatro Södra Teatern é muito bom. Para coisas mais pesadas, gosto do original e minúsculo Debaser em Slussen. Eles têm um Debaser maior em Medborgarplatsen.

Expectativas para o show no Brasil?
Pessoas felizes e bonitas, comida boa e tempo ensolarado. Minha namorada vem junto então vai ser tipo férias, que é ótimo.

Você conhece bandas brasileiras pós anos 70?
Adoro coisas brasileira. Veloso, Nascimento, Jobin, etc. Mas eu não conheço muita coisa nova. Só o CSS - que todos adoramos. Então talvez você me dê algumas dicas de coisas boas após os anos 70.

O que vocês tem contra a vírgula? Não está faltando uma no nome da banda?
(Risos) Absolutamente nada. Mas enquanto trabalhávamos na capa de nosso primeiro EP, ficava tão feio graficamente no nome da banda, que resolvemos tirar.

Peter Bjorn and John é uma das atrações do
Festival No Ar Coquetel Molotov 2008,
neste sábado, 20/09/2008,
no Teatro da UFPE
à partir das 21h.



MP3: Peter Bjorn And John - Young Folks
MP3: Peter Bjorn And John - Up Against The Wall
MP3: Peter Bjorn And John - Inland Empire
MP3: Peter Bjorn And John - School of Kraut
MP3: Peter Bjorn And John - Flavour of the Season
MP3: Peter Bjorn And John - Amsterdam

Discografia:
Peter Bjorn And John | 2002 |
Falling Out | 2005 |
Writer's Block | 2006 |
Seaside Rock | 2008 |

Peter Bjorn and John: mini-turnê Brasil:
• 20 set 2008, Theatro UFPE, Recife
• 23 set 2008, Studio SP, São Paulo
• 24 set 2008, Studio SP, São Paulo


Site: www.peterbjornandjohn.com
MySpace: www.myspace.com/peterbjornandjohn

CDs & MP3s: BuscaPéMercadoLivreSubmarinoAmazonCD UniverseInsound7digital

Nenhum comentário: