Pouca Vogal

Pouca Vogal é uma dupla formada por Humberto Gessinger dos Engenheiros do Hawaii e por Duca Leindecker da banda Cidadão Quem. O duo gaúcho se reuniu ano passado, durante a pausa de suas bandas titulares, para compor e gravar algumas canções e montar alguns shows e pretendem seguir adiante, compondo, gravando e em apresentações em teatros lotados.

A sonoridade é essencialmente acústica, mas com guitarras aqui e ali. As músicas são boas, não vão decepcionar os fãs de ambos. E o melhor é que eles estão vivendo os novos tempos e disponibilizaram suas primeiras gravações em seu site. Também está programado para breve os lançamentos de DVD e CD gravados ao vivo pela dupla. Confira que vale a pena.

Pouca Vogal EP (Setembro 2008)

1. Além da Máscara (Gessinger) [.mp3.zip]
2. Depois da Curva (Gessinger/Leindecker) [.mp3.zip]
3. Breve (Gessinger/Leindecker) [.mp3.zip]
4. Vôo do Besouro (Gessinger) [.mp3.zip]
5. Pouca Vogal (Gessinger) [.mp3.zip]
6. Pra quem Gosta de Nós (Gessinger) [.mp3.zip]
7. Na Paz e na Pressão (Leindecker) [.mp3.zip]
8. Tententender (Gessinger/Leindecker) [.mp3.zip]

Gravado em Setembro de 2008 no estúdio Submarino Amarelo.
Produção: Duca Leindecker.
Técnicos de som: Fernando Peters e Leandro Schirmer
Humberto Gesinger: Violão Aço, Violão Nylon, Viola Caipira, Piano, Midi Pedalboard e Harmônica.
Duca Leindecker: Violão Aço, Guitarra, Bombo e Pandeiro.



RELEASE:
Oi. Isto é o que chamam de “release”.

Meu nome é Humberto Gessinger. Pouca Vogal é um duo que formei com Duca Leindecker. Venho dos Engenheiros do Hawaii, banda que montei em 1985 e com a qual, até 2008, lancei 18 discos e 5 DVDs.
Duca vem da banda Cidadão Quem, formada em 1990, com 7 discos e 1 DVD lançados. Também já lançou um disco solo, além de fazer trilhas para cinema e teatro.
Mais detalhes sobre nossas histórias podem ser encontrados nos sites dos Engenheiros do Hawaii e do Cidadão Quem.

Vamos ao que interessa. Por onde começo? Não sei… Escrevendo release sou um fracasso. Vou tentar outra forma. Que tal eu me entrevistar? Aí vai:

Como vocês se encontraram?
É uma história antiga, da segunda metade do século passado. Ali por 85, eu encontrei na rua um moleque que tocava guitarra. Ele sabia que eu tinha comprado uma Fender Telecaster. Na época, não era fácil descolar instrumentos legais. O menino ficou de passar lá em casa pra conferir a guitarra. Fiquei chocado quando vi ele tocar. Tirou sons da minha guitarra que eu não imaginava que estivessem lá. Tocava demais! Técnica, estilo, emoção e o diabo a 4. Esse garoto era o Duca Leindecker.
Aperta a tecla FastForward… Em 2004, Duca me convidou para participar do CD/DVD Cidadão Quem No Theatro São Pedro. Tocamos Terra de Gigantes, uma canção que eu havia escrito e gravado comos EngHaw.
FF de novo. Em 2007, Duca me pediu uma música para o novo disco da Cidadão Quem. Havia uma da qual eu gostava muito e só não tinha gravado ainda por achar que faltava alguma coisa. Passei para o Duca, que matou a charada escrevendo um novo refrão. A música é "A Força do Silêncio" e está no disco 7.
Agora, com a coincidência da pausa de nossas bandas, partimos para o Pouca Vogal.

Por que o nome Pouca Vogal?
É um chiste com nossos sobrenomes, Leindecker e Gessinger. Se quisermos fazer um pouco de sociologia de boteco, podemos falar de como as vogais vão rareando à medida em que descemos pelo mapa do Brasil. O frio vai aumentando, a vegetação fica mais tímida, o verde vai ficando mais parecido com o azul, as pessoas mais introspectivas. Imigrantes com suas consoantes. Ao mesmo tempo em que exageram, algo de verdadeiro guardam essas generalizações.
Pelo Aurélio, vogal é o fonema que se produz com o livre escapamento de ar pela boca. Consoante é o fonema que resulta do fechamento ou estreitamento de qualquer região acima da glote.

Há outros músicos acompanhado vocês?
Não. Só nós 2. É um formato que sempre me fascinou. Seja um duo de violões clássicos como os irmãos Assad, uma dupla caipira como Pena Branca & Xavantinho, um lance pop como Simon & Garfunkel ou jazz como Larry Coryell & Philip Catherine, há algo especial quando duas pessoas estão tocando. Depois do solo, é o mínimo. Mas, nesse mínimo, pode rolar o máximo diálogo musical. Duca já fez trabalhos geniais em duos com Frank Solari e com Borghettinho.

Quais instrumentos vocês usam?
Eu sigo nos instrumentos acústicos: violão, viola caipira, dobro, harmônicas, piano. Além da MIDI Pedalboard, que é um teclado que a gente toca com os pés. Duca toca guitarra, violões com afinações esquisitas e bombo legüero, um instrumento de percussão característico do pampa.
É bem intenso. Em momentos, eu toco violão, harmônica, faço baixos com os pés enquanto o Duca sola na guitarra e faz percussão. Tudo ao mesmo tempo. Geralmente, quando um artista chega à quilometragem em que chegamos, pensa em desfrutar do conforto de um repertório já conhecido e de vários bons músicos aparando arestas. Mas nós estamos vibrando em outras freqüências, definitivamente. Queremos sair da zona de conforto por achar que só tensa a corda vibra legal. A vida é mesmo muito curta pra ser pequena.

Qual é o repertório?
A partir do dia 11 de setembro, 8 músicas inéditas estarão no site do Pouca Vogal. O pessoal vai poder baixar, não vamos cobrar nada, é free. Não estamos interessados em transformar esta atitude em um “assunto”. Nosso interesse nos intestinos da indústria cultural é próximo de nenhum. Nos shows, vamos tocar, além destas, algumas músicas dos Engenheiros do Hawaii e da Cidadão Quem.

Quais são e como surgiram as músicas novas?
TENTENTENDER: a idéia me veio num vôo enquanto eu observava a sombra do avião rastejando lá embaixo. Mandei uma demo para o Duca e ele reescreveu a melodia do refrão.
DEPOIS DA CURVA e BREVE: Duca me mandou as músicas e eu escrevi as letras. A primeira fala da esperança de encontrar coisas melhores depois da curva, depois da chuva. Talvez, o amanhã colorido. A segunda é sobre a dificuldade e necessidade de unir firmeza e delicadeza na hora de cair fora. Quando ser bravo é ser breve, hay que endurecer, pero sin perder la ternura.
VÔO DO BESOURO e ALÉM DA MÁSCARA: Escrevi as duas sozinho, mas já com o duo no horizonte. Dizem que o besouro tem o design menos apropriado para voar. Esta e outras contradições sempre me interessaram. Para além da máscara é que devemos olhar. Além do que é sentido, além do que é sabido.
NA PAZ E NA PRESSÃO: Duca escreveu numa dessas horas em que a gente quer gritar ou sussurrar ¡Tchau Radar!
PRA QUEM GOSTA DE NÓS: Um nó nos prende ou nos leva na velocidade de uma milha marítima por hora. Um nó amarra o laço ou o lenço. Eu já tinha escrito há mais tempo, mas só agora cheguei ao arranjo certo. Mistura de viola caipira e guitarra hendrixiana. Pra quem gosta do nó que nos une, Pouca Vogal será um prato cheio.
POUCA VOGAL: Escrevi um pouco para explicar o conceito, um pouco para falar da minha ida ao Rio de Janeiro e da volta à PoA. De lambuja, cita Piano Bar (uma canção dos EngHaw) e homenageia Kleiton & Kledir, que melhor souberam, até hoje, misturar regionalismo gaucho e música pop.

Que tipo de reação vocês esperam dos fãs das bandas Engenheiros do Hawaii e Cidadão Quem?
Acho que o maior sinal de respeito de um artista em relação ao seu público é não pensar nele na hora em que cria. Eu não quero que os artistas dos quais eu gosto pensem em mim quando criam. Não quero que os políticos nos quais eu voto façam pesquisas pra saber como quero que eles falem e atuem. Fica parecendo um cão perseguindo o próprio rabo. Quero que eles tenham A Visão e corram o risco de encontrar ou não quem se interesse por ela.
Resumir todas as pessoas que gostam do teu trabalho num estereótipo de “fã” também me parece grosseiro. Cada fã é fã da sua forma, com suas particularidades. Cada um tem seu caminho, sua maneira de passear pela obra. Não gosto que me vejam como produto, por isso não penso neles como consumidores. Obviamente será maravilhoso se todos gostarem de tudo. Se os teatros estiverem todos lotados e as bocas todas sorrindo e pedindo bis. Caso esse mundo ideal não se concretize, estaremos tranqüilos por estar seguindo noss'A Visão.

A banda Engenheiros do Hawaii acabou?
Não. Pretendo voltar quando o Duca encher o saco de mim.

A banda Cidadão Quem acabou?
Queeu saiba, não.

Gostaria de dizer algo mais?
Não sei por que, gostaria de dar nossas datas e locais de nascimento.
Humberto Gessinger: Porto Alegre, 18:30h do dia 24 de dezembro de 1963.
Duca Leindecker: Porto Alegre, 10:30h do dia 5 de abril de 1970.

Porto Alegre, Agosto de 2008

Links: Pouca Vogal | MySpace | Engenheiros do Hawaii | Cidadão Quem

CDs & MP3s:
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