O Deerhunter lançou ano passado um dos grandes álbuns de 2008 mas, não recebeu o devido destaque aqui no Música Social. Portanto, para tentar corrigir esta grave falha, vai aí abaixo, dois belos e pertinentes textos sobre Microcastle.
"Microcastle" por Fábio Massari
(...) Nesse terceiro longa, a cultuada banda de Atlanta reapresenta seu "ambient punk" (idéia deles) de forma vigorosa e emocionante. A matriz é a do indie rock mais classudo, as tramas são bem elaboradas e revelam aqui e ali pequenos achados guitarrísticos, e o carismático vocalista Bradford Cox chega junto em pequenas gemas como "Never Stops" e "Nothing Ever Happens".
"Microcastle" por Raphael Caffarena
(...) Não há coração que fique indiferente às três faixas que dão início à melhor fase do Deerhunter. "Cover Me (Slowly)" começa como uma preguiçosa e nublada manhã de domingo - você se espreguiça, sente calafrios, se cobre novamente. Quando começa a ficar nebulosa demais, "Agoraphobia", assim como a fobia, irradia enorme fragilidade. "Comfort me / come for me / cover me" canta um desnudo Lockett Pund (o guitarrista) numa bela e minimalista onda reconfortante que parece reverberar em "Never Stops", cantada por Bradford Cox - e apesar de suave, a faixa introduz guitarras choronas próximo ao fim.
A viagem de "Little Kids" é se apoiar na ambigüidade entre um instrumental noventista totalmente relaxado e a letra sombria que culmina com as "criancinhas" bêbadas de gim jogando um fósforo num idoso após o embebedarem em gasolina. E além de dividir o tema com "Youth" do MGMT, ela também divide similaridades estruturais - o refrão, por exemplo, poderia se encaixar no álbum Oracular Spectacular.
E do terror anterior, o Deerhunter se acalma na hipnótica e pacífica "Microcastle", que próximo ao fim levanta e se mostra imponente entre reverberações e distorções. Mas que volta a dormir quando o ambiente toma conta do lado shoegaze em "Calvary Scars", "Green Jacket" e "Activa". As três somadas não alcançam nem cinco minutos e meios de duração, porém carregam as mais fortes frases do álbum. Destaques para "I take what I can, I give what I have left" ("Green Jacket") e "crucified on a cross in front of all my closest friends" ("Calvary Scars").
"Nothing Ever Happened" soa como se o Stone Roses tivesse sido formado nos anos 00, mas ainda fosse capaz de fazer hits para acompanhar uma geração inteira. Refrão repetitivo garante o imediatismo, apesar da música continuar um bom tempo sem companhia de letra alguma e ainda se mostrar contagiante devido a sobreposição de camadas e mais camadas de guitarras.
"Saved By Old Times" possui uma estrutura blues fundida em bases grunges que resultam no momento inédito no álbum. Cole Alexander do Black Lips participa da faixa cantando via iChat (espécia de MSN do Mac), o que dá um efeito de rádio em sua voz. "Neither Of Us, Uncertainly", apesar de boa, tem a função de desacelerar as coisas novamente para a última faixa do álbum. E após 35 minutos, "Twilight At Carbon Lake" encerra com uma melodia sessentista a la Twin Peaks - esquisitices inclusas.
Microcastle se mostra tão intenso, frágil e necessário, que o silêncio trazido pelo seu encerramento ainda reverbera o que você acabou de presenciar. E finalmente se entende que o barulho desse álbum não é trazido pelas guitarras, sintetizadores ou loops, e sim por sentimentos pesados e exagerados, que, mesmo escondidos em bases tranqüilas, se mostram muito mais densos que qualquer coisa que um pedal desregulado conseguiria alcançar.
MP3: Deerhunter - Nothing Ever Happened [+mp3]
MP3: Deerhunter - Never Stops [+mp3]
MP3: Deerhunter - Agoraphobia
MP3: Deerhunter - Little Kids
MP3: Deerhunter - Twilight At Carbon Lake
MP3: Deerhunter - Little Kids [Demo Version]
MP3: Deerhunter - Strange Lights
MP3: Deerhunter - Dr. Glass
MP3: Deerhunter - Wash Off
MP3: Kid Cudi - Day'N'Nite (Crookers Remix)
Deerhunter pages: MySpace | Blogspot | 4AD | Wikipedia | ♫/♪
Deerhunter CDs & MP3s: BuscaPé • MercadoLivre • Submarino • Amazon • CD Universe • Insound • 7digital
"Microcastle" por Fábio Massari
(...) Nesse terceiro longa, a cultuada banda de Atlanta reapresenta seu "ambient punk" (idéia deles) de forma vigorosa e emocionante. A matriz é a do indie rock mais classudo, as tramas são bem elaboradas e revelam aqui e ali pequenos achados guitarrísticos, e o carismático vocalista Bradford Cox chega junto em pequenas gemas como "Never Stops" e "Nothing Ever Happens".
"Microcastle" por Raphael Caffarena
(...) Não há coração que fique indiferente às três faixas que dão início à melhor fase do Deerhunter. "Cover Me (Slowly)" começa como uma preguiçosa e nublada manhã de domingo - você se espreguiça, sente calafrios, se cobre novamente. Quando começa a ficar nebulosa demais, "Agoraphobia", assim como a fobia, irradia enorme fragilidade. "Comfort me / come for me / cover me" canta um desnudo Lockett Pund (o guitarrista) numa bela e minimalista onda reconfortante que parece reverberar em "Never Stops", cantada por Bradford Cox - e apesar de suave, a faixa introduz guitarras choronas próximo ao fim.
A viagem de "Little Kids" é se apoiar na ambigüidade entre um instrumental noventista totalmente relaxado e a letra sombria que culmina com as "criancinhas" bêbadas de gim jogando um fósforo num idoso após o embebedarem em gasolina. E além de dividir o tema com "Youth" do MGMT, ela também divide similaridades estruturais - o refrão, por exemplo, poderia se encaixar no álbum Oracular Spectacular.
E do terror anterior, o Deerhunter se acalma na hipnótica e pacífica "Microcastle", que próximo ao fim levanta e se mostra imponente entre reverberações e distorções. Mas que volta a dormir quando o ambiente toma conta do lado shoegaze em "Calvary Scars", "Green Jacket" e "Activa". As três somadas não alcançam nem cinco minutos e meios de duração, porém carregam as mais fortes frases do álbum. Destaques para "I take what I can, I give what I have left" ("Green Jacket") e "crucified on a cross in front of all my closest friends" ("Calvary Scars").
"Nothing Ever Happened" soa como se o Stone Roses tivesse sido formado nos anos 00, mas ainda fosse capaz de fazer hits para acompanhar uma geração inteira. Refrão repetitivo garante o imediatismo, apesar da música continuar um bom tempo sem companhia de letra alguma e ainda se mostrar contagiante devido a sobreposição de camadas e mais camadas de guitarras.
"Saved By Old Times" possui uma estrutura blues fundida em bases grunges que resultam no momento inédito no álbum. Cole Alexander do Black Lips participa da faixa cantando via iChat (espécia de MSN do Mac), o que dá um efeito de rádio em sua voz. "Neither Of Us, Uncertainly", apesar de boa, tem a função de desacelerar as coisas novamente para a última faixa do álbum. E após 35 minutos, "Twilight At Carbon Lake" encerra com uma melodia sessentista a la Twin Peaks - esquisitices inclusas.
Microcastle se mostra tão intenso, frágil e necessário, que o silêncio trazido pelo seu encerramento ainda reverbera o que você acabou de presenciar. E finalmente se entende que o barulho desse álbum não é trazido pelas guitarras, sintetizadores ou loops, e sim por sentimentos pesados e exagerados, que, mesmo escondidos em bases tranqüilas, se mostram muito mais densos que qualquer coisa que um pedal desregulado conseguiria alcançar.
MP3: Deerhunter - Nothing Ever Happened [+mp3]
MP3: Deerhunter - Never Stops [+mp3]
MP3: Deerhunter - Agoraphobia
MP3: Deerhunter - Little Kids
MP3: Deerhunter - Twilight At Carbon Lake
MP3: Deerhunter - Little Kids [Demo Version]
MP3: Deerhunter - Strange Lights
MP3: Deerhunter - Dr. Glass
MP3: Deerhunter - Wash Off
MP3: Kid Cudi - Day'N'Nite (Crookers Remix)
Deerhunter pages: MySpace | Blogspot | 4AD | Wikipedia | ♫/♪
Deerhunter CDs & MP3s: BuscaPé • MercadoLivre • Submarino • Amazon • CD Universe • Insound • 7digital
Nenhum comentário:
Postar um comentário