Jam da Silva - Dia Santo (2008)

Jam da Silva, nasceu em 1976 em Recife, Nordeste do Brasil. O nome da cidade remete imediatamente à explosão sonora do Mangue Beat nos anos 90, mas a música sempre esteve ali: orquestras de frevo, maracatus, cocos de roda, cirandeiros e caboclinhos passaram pelas pedras pisadas da Rua da Moeda, no Centro histórico da cidade, nos últimos séculos. Jam começou a tocar aos 11 anos, bateria primeiro, depois percussão. Hoje seu som é um mix dos dois. Frequentou a Universidade de Música entre 1998 e 2002, mas o que sabe, mesmo, aprendeu na rua.

O trabalho de Jam é uma mistura de artesanato com invenção. Parte de suas criações vêm da rua, literalmente: sempre com um HD e um lap top, grava sons dos lugares por onde anda e incorpora essa biblioteca sonora em suas músicas. Ruídos, ambientações urbanas, orações em mesquitas, carros, por onde ele passa recolhe sons. Às vezes cria música a partir de coisas que aparentemente, não têm nada a ver com ela, como conversas em ônibus ou imagens veiculadas pelas mais variadas mídias.

Jam estuda texturas e o tempo inteiro busca novos timbres para pandeiros, cuícas, berimbau e até mesmo para sua bateria, que funciona em harmonia com os espaços percussivos. Por exemplo: usa pedais antigos, analógicos, para processar os sons. Liga a saída do microfone no pedal da cuíca, para transformar seu som em um canto longo e duradouro. O berimbau pode ser processado com o pedal de distorção de guitarra e ficar parecendo uma guitarra distorcida. Tudo isso sugere uma percussão eletrônica que, na verdade, é completamente orgânica.

Na hora de tocar, Jam cria camadas de percussões, inspirado na técnica da pintura: a música vem e ele coloca ou apresenta. Depois aquilo sai de cena e vem outra coisa, em seguida e sai e vem outra. Às vezes o desenho sonoro se repete ao longo da música, outras não. A cada momento aparece um novo risco no quadro. A idéia é deixar a música a mais orgânica possível. Vale errar, acertar, ele diz, porque tudo isso dá a sensação de algo vivo.

Jam já passeou suas baquetas por uma enorme variedade de estilos. Montou, com o DJ Dolores, a Orchestra Santa Massa, cujo álbum Contraditório? ganhou o prêmio de melhor disco de Word Music da BBC Awards, em 2002. Viajou em várias excursões, colaborou com artistas e músicos em discos e ao vivo. Tocou com o Massilia Sound System, os Troublemakers, Cedric Imbrooks, Camille, Sebastien Martel, os angolanos WySA e Paulo Flores, fez parte da banda F.UR.T.O., onde gravou o disco SANGUEAUDIENCIA.

No cinema, participou tocando e compondo nos filmes: Os NARRADORES De Jave, O Rap do Pequeno Principe, 10 Por cento e' Mentira e EXPRESS WAY (blue note records). Mais recentemente teve suas músicas gravadas pelas cantoras Roberta Sá (O Pedido), Elba Ramalho (Gaiola da Saudade), Marisa Monte (Desterro). [Release Oficial]


Conheci Jam num momento importante de sua vida profissional, em que a bateria já não lhe bastava e seu universo se expandia para as infinitas possibilidades da percussão. Trabalhamos juntos em alguns discos e também ao vivo, quando era sempre surpreendente não só ouvi-lo em ação, mas também visualizar seu set experimental composto de instrumentos de diversas origens, incluindo peças surrupiadas da cozinha de sua mãe.

Sua habilidade não só era aplicada a instrumentos acústicos, mas se estendia às máquinas eletrônicas, dessa forma demonstrava um incrível talento nato e facilidade de adaptação a qualquer linguagem musical.

O tempo passou e me surpreendo mais uma vez quando ouço, em Dia Santo, que o ex-tímido baterista se revela também compositor e arranjador de mão-cheia, sensível e, quando necessário, com pegada firme, boa para as pistas de dança do mundo.

"Dia Santo" traz a maturidade de uma artista capaz de cruzar fronteiras culturais, geográficas, estéticas e ainda assim se sair muito bem em sua proposta: os elementos acústicos predominam, mas também é um prato feito para remixes. Há uma "brasilidade" inegável, mas poderia ser um disco produzido em qualquer lugar do Planeta Música. É um trabalho de compositor no qual as melodias soam objetivas e – território difícil – a concepção rítmica dá o caráter final. E isso não é para qualquer um.

Catalogar "Dia Santo" nos gêneros comerciais é trabalho inútil. Na minha estante, o rótulo é "Música Excelente". [por DJ Dolores]


MP3: Jam da Silva - Dia Santo
MP3: Jam da Silva - Capoeirando
MP3: Jam da Silva - Mania
MP3: Jam da Silva - Samba Devagar
MP3: Jam da Silva - Dub das Cavernas
MP3: Jam da Silva - Macumba
MP3: Jam da Silva - Ago
MP3: Jam da Silva - Chuva de Areia
MP3: Jam da Silva - Congachic


RELEASE: I met Jam da Silva at an important moment in his professional career, when the drums just weren't enough for his universe and he expanded into the infinite possibilities of percussion. We worked together on some albums and also playing live, when it was always amazing not just to hear him in action, but also to visualise his experimental set made up of diverse instruments, including a few items pinched from his mother’s kitchen.

His ability not only applied to acoustic instruments, but also extended to electronic equipment, through this he showed his incredible natural talent and ability to adapt to any musical language.

Time went by and I was amazed once again when I heard, in "Dia Santo", that the ex-shy drummer had proven himself as a first-class composer and arranger, sensitive and, when needed, hard-hitting, great for the dance floors around the world.

“Dia Santo” is the coming of age of an artist capable of crossing cultural, aesthetic, and geographical boundaries, and nonetheless excelling with his project: the acoustic elements predominate, but it's also a dish made for remixes. There is an undeniable "Brazilianicity", but it could be an album produced anywhere within Planet Music. It's a piece of composition work in which the melodies sound objective and - difficult terrain - a rhythmical conception gives it the finishing touch. And this is no mean feat.

To Categorize “Dia Santo” within the commercial genres is a futile task. On my shelf it is labelled "Excellent Music". [by DJ Dolores]


http://www.myspace.com/jamdasilva |


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3 comentários:

Anônimo disse...

muito bom , excelente vibracoes e lisergico tbm alem de melodioso .

microreferencias percussivas melodicas, ehehhe agora viajei ...

Anônimo disse...

muito bom , excelente vibracoes e lisergico tbm alem de melodioso .

microreferencias percussivas melodicas, ehehhe agora viajei ...

Anônimo disse...

adorei as melodias