
Se Raul e Rita são o pai e a mãe do rock brasileiro, o Rio não marcou presença nesta criação, já que ele é baiano e ela paulista. A primeira onda musical carioca veio com a Blitz. O sotaque, os jeitos e as gírias do Rio conquistaram o Brasil e a cultura pop da juventude carioca passou a ser conhecida e reconhecida para além das fronteiras fluminenses. Passaram se anos até que uma nova onda musical original traduzisse o Rio para o Brasil, e a onda veio com Pedro Luiz e a Parede à frente - com outros artistas que se estabeleceram, como o Farofa Carioca que revelou Seu Jorge - e chegou a ter um quê de movimento, o MPC (Música Popular Carioca). De carioca, o suingue dos artistas tinham tudo. De popular, nem tanto quanto havia sido a Blitz. Mas isso já faz mais de dez anos. Monobloco, Gabriel Pensador e Marcelo D2 mantém a bandeira erguida, à espera de uma nova onda.
E o novo som do Rio, moldado na Lapa - flertando com o samba mas mantendo uma universalidade que privilegia no final a música, sem rótulos - está prestes a ser revelado para o Brasil pela sua atual mais perfeita tradução, o som de Max Sette. A nova onda que já vem sendo desbravada com a Orquestra Imperial, e tanto banda quanto artista vêm colhendo frutos do reconhecimento, mas que radicaliza sua faceta mais carioca, caricatamente até, em Max. E o Rio canta, em côro, os momentos de Max na Orquestra, escolhendo "Ereção" e o dueto com seu parceiro Wilson Das Neves em "Era Bom" como alguns dos pontos altos do show. Mas a Orquestra agora é outra, é a Orquestra da Gomalina.
O CD "Parábolas ao vento" está no site maxsette.com.br, o CD é o site, o som do site foi feito (mixado) para ter um melhor desempenho em fones de ouvido (i-pods e emp3 players). Tudo feito e direcionado desde o início para ser baixado e curtido, de graça. O site também abriga agenda de shows, blog e contatos. Produção artística de Rubinho Jacobina.
"Gomalina"
"Tem que começar na pressão", avisa, e começa, logo em composição só sua. Ponto alto do repertório, não por acaso a primeira música. Primeira também de uma série de músicas para e sobre meninas, garotas, mulheres. Esta, beijada no baile da Orquestra da Gomalina. A letra tem a ver com um pouco de todo mundo.
"Fazer Neném"
"Agora o procedimento é outro... agora é leve", é a frase que encerra esta música, que sai do samba para o beat eletrônico do MPC 2000 de Stephan San Juan, mas cool, lounge. Já indicando os caminhos sonoros diversos que ainda virão.
"Panorama Ecológico"
Essa, dos ídolos maiores Roberto e Erasmo. Pérola bem escolhida do repertório do Rei, dos anos 70. Interpretação sincera, highlight do disco.
"Divina 24"
Aqui, a parceria com Nelson Jacobina aponta ritmos latinos, acentuados pelo trompete de Max.
"Siquizé de volta tem"
Tem um quê de Doobie Brothers, um funk-soul redenção sobre encontros e desencontros.
"Parábolas ao vento"
"A eternidade é o mar misturado ao sol". Momento chave, faixa-título, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina para Max, com participação discreta e completa do próprio Mautner. Discreta e completa também a participação de Nelson Jacobina nas guitarras, nesta só não, mas em todo o álbum.
"Inocência"
Na diversidade desse repertório, esse é o momento jazzy. Echos de Chet Baker. Bartolo, parceiro na Orquestra Imperial, nas guitarras de fundo.
"Vacilow"
Bem carioca, no sotaque, ritmo e vocabulário. Tem 1 momento, ali no turnaround, que cheira Raul Seixas, ali onde o Rio é mais perto da Bahia, Raul da Lapa.
"Perfeição"
Clima cool jazz. Max saca o Flugelhorn e o tamborim traz Miles pros morros do Rio.
"Subindo ao planeta"
Bidu empresta voz, trombone e concepção para fechar legal e legalizado.
(Texto de Leandro Souto Maior)

1. Gomalina
2. Fazer Neném
3. Divina 24
4. Siquizé de volta tem
5. Parábolas ao vento
6. Inocência
7. Vacilow
8. Perfeição
9. Subindo ao planeta
Sites: maxsette.com.br • orquestraimperial.com.br
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