Supercordas - Satélites no Bar

Gerados pelo mesmo útero (ou coisa que o valha), Bonifrate e Valentino são um par de extraterrestres cuja língua pátria é algo semelhante ao português falado no século XVIII combinado a idiomas alienígenas ininteligíveis. Você, caro leitor, poderia julgá-los apenas dois extravagantes, mas, sob qualquer ótica ou oitiva, lhe será vedado compreendê-los. Portanto, pelo bem de sua saúde mental, melhor nem tentar.

Essa dupla de alienados sofre de uma doença comum a seres vindos do espaço: a paixão anacrônica pela psicodelia sessentista. Seus ídolos são Mutantes, Velvet Underground e The Kinks; ícones de uma geração que só sobrevive em organismos como os de Valentino e Bonifrate, dois casos a serem estudados pela patologia, “ramo da medicina que se ocupa da natureza e das modificações produzidas pela doença no organismo”.

Diagnosticada a natureza da doença, só resta a nós, pseudopatologistas musicais, estudarmos as mutações sintomáticas perceptíveis em Satélites no Bar (2004), 1º EP dos Supercordas depois de A Pior das Alergias (2003), seu disco de estréia. Esta verdadeira ode ao insano combina a sonoridade das supracitadas influências com pitadas de eletrônico, ruídos extra-sensoriais e até bossa nova. As letras, como era de se esperar, não fazem qualquer sentido para meros cérebros terráqueos.

Levando-se em consideração as condições técnicas terrenas, portanto rudimentares em que o disco foi concebido (um estúdio portátil de 4 canais!), o resultado chega a ser surpreendente. O conceito do trabalho é um tanto pretensioso, porém isto não é necessariamente ruim, desde que alguém seja capaz de compreendê-lo, algo que, sem fazer pouco caso da sua inteligência, estimado leitor, duvidamos muito! Bip! Bip! Bip!

1. Da Órbita de um Sugador (4:21)
2. Satélites no Bar (3:40)
3. Supercordas (3:00)
4. O Céu que Você Vê (5:37)
5. O Perspicillum (1:11)
6. A Terra da TV (10:54)

Texto e links: MP3 Magazine
Site oficial: Supercordas.com

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