Para um projeto formado há pouco mais de dois anos, o No Age já carrega um status que pesa algumas toneladas: o de revelação do rock independente dos Estados Unidos em 2008. Meses antes de gravar o primeiro álbum, Nouns, o guitarrista Randy Randall e o baterista Dean Allen Spunt já se movimentavam sob as expectativas de uma corrente de blogs e sites, que torraram adjetivos em defesa da coletânea de compactos Weirdo Rippers, de 2007. O duo de Los Angeles rapidamente se transformou (melhor: foi transformado) na peça central de uma nova cena noise. No papel, o bate-bola virulento entre Randy e Dean servia de resposta oportuna a uma fase de marasmo do neo-folk, onda que já faz espuma. Mas é na prática que o No Age desmonta esses e outros rótulos, todos prematuros. Confirma expectativas, mas por linhas tortas e rasuradas.
Aposta alta do selo Sub Pop, Nouns refina elementos que já apareciam em Weirdo Rippers e acrescenta meios-tons à sonoridade chapada da banda. O pano de fundo é o mesmo do álbum anterior - um mix de influências da no wave do início dos anos 80 (Sonic Youth, Suicide) e do shoegaze do início da década de 90 (My Bloody Valentine, Slowdive). Mas, agora, a dupla entende que precisa arejar o discurso (sem necessariamente amaciá-lo) e vestir roupas menos desleixadas para tentar contato com um público mais amplo, sem apego a nichos. Não são poucas as bandas que perdem a pose nesse processo de adaptação. O No Age vence o desafio ao preservar a atitude agressiva e a muralha de ruídos que conquistaram os primeiros fãs.
Violento e sombrio, Nouns é de deixar hematomas. Bate feito golpe curto, e assim cobra do ouvinte repetidas e exuasivas audições com headphones. Raras são as bandas que, como esta, parecem nascer prontas. O No Age demonstra o domínio precoce de um estilo que, apesar de exibir uma dezena de referências (ninguém precisará procurar muito para encontrar cacos de Pavement e Black Flag) remete a um ambiente particular, sem igual. As letras assombradas de faixas como "Teen Creeps" e "Sleeper Hold", afogadas na interferência de guitarras distorcidas, criam camadas tensas no caldo concentrado do grupo. Ainda é complicado definir o gênero onde Randy e Dean se encaixam, ou prever os desdobramentos de uma história tão recente. Mas tanto barulho, por enquanto, não é em vão.
(por Tiago Faria na Revista Paisà)
MP3: No Age - Eraser (from Nouns, 2008)
MP3: No Age - Neck Escaper (from Weirdo Rippers, 2007)
MP3: No Age - It's Oh So Quiet (from Enjoyed: A Tribute To Björk's Post, 2008)
Sites: myspace / blogspot / postpresentmedium
Info & Buy: BuscaPé • MercadoLivre • Submarino • Amazon • CD Universe • Insound • 7digital
Aposta alta do selo Sub Pop, Nouns refina elementos que já apareciam em Weirdo Rippers e acrescenta meios-tons à sonoridade chapada da banda. O pano de fundo é o mesmo do álbum anterior - um mix de influências da no wave do início dos anos 80 (Sonic Youth, Suicide) e do shoegaze do início da década de 90 (My Bloody Valentine, Slowdive). Mas, agora, a dupla entende que precisa arejar o discurso (sem necessariamente amaciá-lo) e vestir roupas menos desleixadas para tentar contato com um público mais amplo, sem apego a nichos. Não são poucas as bandas que perdem a pose nesse processo de adaptação. O No Age vence o desafio ao preservar a atitude agressiva e a muralha de ruídos que conquistaram os primeiros fãs.
Violento e sombrio, Nouns é de deixar hematomas. Bate feito golpe curto, e assim cobra do ouvinte repetidas e exuasivas audições com headphones. Raras são as bandas que, como esta, parecem nascer prontas. O No Age demonstra o domínio precoce de um estilo que, apesar de exibir uma dezena de referências (ninguém precisará procurar muito para encontrar cacos de Pavement e Black Flag) remete a um ambiente particular, sem igual. As letras assombradas de faixas como "Teen Creeps" e "Sleeper Hold", afogadas na interferência de guitarras distorcidas, criam camadas tensas no caldo concentrado do grupo. Ainda é complicado definir o gênero onde Randy e Dean se encaixam, ou prever os desdobramentos de uma história tão recente. Mas tanto barulho, por enquanto, não é em vão.
(por Tiago Faria na Revista Paisà)
MP3: No Age - Eraser (from Nouns, 2008)
MP3: No Age - Neck Escaper (from Weirdo Rippers, 2007)
MP3: No Age - It's Oh So Quiet (from Enjoyed: A Tribute To Björk's Post, 2008)
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