O bom rock não tem segredo: ele não precisa ser complicado, mas não pode dispensar uma boa dose de estilo. E também um vasto vocabulário, porque é nele que todas as experiências, de Elvis até os grupos de hoje, se somam num organismo vivo que nunca aparenta a idade que tem. Ou seja, o bom rock é sempre jovem. E insolente, não combina nada com esse papo de target mercadológico, técnicas de produção ou maturidade de discurso. Ele está sempre falando das mesmas coisas, só que de uma forma diferente. Todo esse preâmbulo é para que não fique dúvida sobre o acerto da escolha do nome Rockz para essa nova banda carioca, um work in progress que começa com grandes resultados. Eles não querem reinventar a roda – até porque já circularam bastante por aí e sabem que as pedras que rolam são as que não criam limo. O Rockz é a criação de dois jovens veteranos dos subterrâneos cariocas, o baterista Pedro Garcia e o guitarrista Nobru Pederneiras, que botaram o pé na estrada no começo dos anos 90 com a banda de skate-punk Cabeça. O tempo os fez ver que, nessa de rock, o refinamento vem com o despojamento. E assim foi feito.
Pedro seguiu a vida tocando no Planet Hemp e no Seletores de Freqüência, banda de funk-dub-filosófico-espiritual do ex-Planet BNegão, à qual Nobru passou recentemente a integrar, como baixista. Dela, veio mais um elemento do Rockz, o guitarrista Gabriel Muzak, que tem carreira solo e veio do Funk Fuckers, a primeira banda de BNegão. Por fim, do Benflos, outra boa banda carioca, surgiram o baixista Daniel Martins (que também toca com Lobão) e o vocalista Diogo Brandão. Dá para imaginar as fagulhas quando eles se encontraram – porque o fogo que eles tocaram ao vivo, em sua primeira apresentação (no começo de abril de 2006, na boate Fosfobox), deixou muita gente assustada e aquecida. É The Who, é Nirvana, é Black Sabbath, é Queens of The Stone Age, é Sex Pistols, tudo num pacote só, sem que nada pareça cópia – é puramente assimilação, depuração, sentimento e pressão.
“Confesso que Errei”, um dos candidatos a hit do Rockz apresenta aquela guitarra robótica dos Strokes, mas com um sangue e uma letra que os novaiorquinos talvez nem tenham. “Você vai me odiar, mas eu vou ter que confessar: essa baderna me excita”, manda Diogo, um camarada de olhos vidrados e movimentos incessantes, que parece viver cada um dos versos da música. Junto com ela, a tensa “Relacionamento Saudável” (“desses que a gente nunca dá valor pois falta sal”) e a mal-educada “O Amor é uma Piada” ajudam a devolver um pouco da crença num tipo de música que estava entregue às bandas de laboratório de garotos com cortes de cabelo impecavelmente desarrumados e músicas nada memoráveis. Rockz é a música para se ouvir dentro de um banheiro de uma boate suja e sonhar com noites mais excitantes.
(Release por Silvio Essinger)
EP 2006
1. Confesso que errei
2. Essa Mulher
3. Nunca me diverti tanto
4. Relacionamento Saudavel
5. Reticências
6. Colorbar
Novo Single
1. Playback
2. Ora Bolas!
Site: http://www.rockz.com.br/
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