Brasília e as Satélites (cidades em torno da Capital Federal) têm algumas características diferenciadas das demais grandes cidades brasileiras. O distanciamento geográfico – a capital mais próxima é Goiânia, distante mais de 300km –, por um lado, dificulta o intercâmbio cultural mais constante e efetivo. No entanto, esse mesmo afastamento geográfico, somado à multifacetada origem de seus habitantes, vindos de todos os estados do País e da maioria dos países do mundo, produz um positivo sentimento de universalidade, que se reflete na obra das bandas. Se Brasília perde pela juventude de seus pouco mais de quarenta anos de existência enquanto cidade, ganha pela efervescência das suas relações humanas e sociais.
Diante disso, a cena musical local desenvolveu-se por uma lógica muito interna e particular, que resultou na construção de uma linguagem com uma forte identidade própria. Desde os anos sessenta, a cena roqueira já vingava no Planalto Central, com uma de suas bandas, Os Primitivos, chegando a gravar um obscuro, mas revolucionário LP, pelo selo Polydor. Nos anos setenta, surgiram ou passaram pela produção local artistas como Ney Matogrosso, Fagner, o trio Clôdo, Clésio & Climério, além de grupos de rock como Os Quadradões, Matuskela, Tellah e, depois, já no período “pré-punk”, Mel da Terra, Pôr do Sol e tantos outros. Mas, a explosão de fato ocorreu nos anos oitenta, com a tríade Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude – e ainda Escola de Escândalo. Eles abriram um ciclo de projeção nacional, que se repetiu, dez anos depois, com Os Raimundos.
Hoje, a cena roqueira de Brasília vive uma espécie de “Terceira Onda”. A partir de 2002, a cena roqueira de Brasília avançou em todos os sentidos, com o amadurecimento de diversas bandas, conquista de melhores espaços para shows e qualificação da produção. Também importante vem sendo a conexão Brasília-Goiânia, sede da Monstro Discos e de eventos constantes como os festivais Bananada e Goiânia Noise, ao lado das mensais “Noite Senhor F” na capital federal. Atualmente, Brasília conta com algumas das principais bandas do cenário nacional, que se destacam por conta de seu conteúdo autoral e repertório bem resolvido.
Enquanto as bandas lutam para abrir espaço nacionalmente, a resistência de programas como o Cult 22 e Senhor F 100.9 (ambos na Cultura FM), festivais anuais como o Porão do Rock, Senhor Festival, o crescimento de sites e de selos voltados para a música como Senhor F Discos & Virtual e Protons, tratam de divulgar as obras locais.
Apostem que, muito breve, a juventude brasileira estará cantando a sua verdadeira trilha sonora, que incluirá, podem apostar, várias músicas da cena musical brasiliense.
(Texto do jornalista Fernando Rosa, editor da revista eletrônica Senhor F)
Terceira Onda
1. Phonopop - Comendo Vidro
2. Virgem Again - O Amor é Uma Simples Troca
3. Bois de Gerião - Fidelidade
4. Mentes Póstumas - Carla Perez
5. Prot(o) - Suando Bem, Suando Quente
6. Beto Só - Isadora
7. Superquadra - As Histórias de Amor Sempre Acabam
8. Sapatos Bicolores - Um Dente a Menos
9. Suíte Super Luxo - Ad Hoc
10. Disco Alto - Segundo Conforto
11. Postal Blue - Rainy Day
12. Móveis Coloniais de Acaju - Esquilo Não Samba
13. Marcelo Mendes & os Bacanas - A Juventude
14. Capotones - Três
15. Lucy and the Popsonics - Coração Empacotado
16. Gramofocas - Bagaceira Baby
17. 10zer04 - Guerra Civil
18. Super Stereo Surf - Tuff Turf, o Rebelde
19. Watson - Perfume de Hotel (+ Quero Envelhecer)
Disco completo: terceiraonda.zip
Capa: frente.pdf e verso.pdf
Créditos: clicabrasilia e senhorf
2 comentários:
Tem bandas ótimas aqui em Brasília mesmo!!
Capotones, Móveis, Gramofocas,Sapatos Bicolores... são bandas adoradas por aqui!!
Muito bom esse Cd!
Muito legal mesmo ...mas vc teria alguma coisa ou algum site que tenha sobre as coisas antigas de Bsb? Tipo Mel da Terra?
Crazy Horse73
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